Wednesday, September 26, 2012

Colorir as flores

Hoje vou escrever uma canção para por toda a gente a sonhar com amor
Vou escrever sobre cada uma das estrelas que vejo
E pelos amores que soltei, acabarei como estrela no fim

Hoje vou lembrar à vida que ainda existe razão para viver
Vou fazer acontecer os sonhos que propus a mim mesma nunca esquecer
E pintar meus receios às cores, para colorirem as flores

Hoje vou encerrar um capítulo para começar um novo
Escreverei um título bem bonito para deixar surgir um sorriso de criança
Reentregando-me as emoções novas que me procurarem

Hoje procurarei e verei onde anda a minha consciência
Para criar novas sementes de esperança
Ajudando no que se refaz de novo porque não pode ser deixado para amanhã

Hoje vou pintar o mundo a aquarela
Irei musicar as estrelas revisitando o amor de um aconchego
Tudo para conhecer uma felicidade interior que sabe estar tão presente numa canção

Hoje vou fazer-me borboleta e deixar-me livre experienciar
Vou fingir saber viver sabendo que nunca houve o que perder
E buscar razões para me entregar sem poder olhar para trás

Vou viver o futuro com olhar de criança
Olhar o passado com o desapego de flor
Viver no presente como quem nada tem a perder
Vou soltar tudo sendo mar
E sem saber quando regressar, vou voar

Hoje vou viver cantando, sonhar escrevendo, fazer para criar
E enquanto mergulho num interior de tudo, vou revisitando o estampado que colore o mundo.

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«Vou buscar inspiração as estrelas
Buscar aconchego em minha eterna gratidão
Vou beber sabedoria nas asas que me levarão ao infinito
E iniciarei com ternura a minha peregrinação

Ei de reconhecer do passado a força que criarei em meu coração
Vendo no presente toda a oportunidade para um futuro brillhante
Vou cavar fundo em meu interior fazendo revelar novos mundos que lá fora farão meu ser explora...
r
Vou usar minhas asas para voar rumo ao imensurável do mundo
indo mais além em tudo

Juro por amar reconhecer o divino que há na luz imensurável que cobre o mundo
Reconhecendo nisso tudo quando é preciso ponderar
Pois é preciso saber continuar no caminho rumo ao centro de tudo sempre reconhecendo a beleza em toda a quietude do interior.

Ei de continuar a caminhar rumo a toda completa beleza,
sempre partilhando com outros a melhor pureza
sempre ciente de ser protegida pelo amor,
e das asas do divino
serei saciada pela arte de viver no verdadeiro ser.»

Friday, September 21, 2012

Namorar as letras

Namorar as letras

Secar-me em folhas de papel

Recitar sentimentos

Curar-me internamente de um mal entendido escrito

Ler melhor o que está escrito do que foi dito

Deixar registo escrito do que já nos mora dentro

Ser como as personagens que brilham em contos e romances

Habitar num momento numerado numa página de livro

Relembrar a história que alguem deixou escrita num registo

Desapegar-me à força de momentos, que mesmo referentes a séculos atrás,
fizeram intensamente parte de mim horas à fio.

Sacudir o pó aos sentimentos relidos e descobrir que não estavam ainda totalmente esquecidos.

Isto pela saudade que sinto de ter tempo para ler um livro
Isto pelos momentos de prazer que possuo ao escrever doces fragmentos de alguns anseios profundos.

Quero conseguir escrever a cor do teu cabelo

 Desfazer-me em letras de algum bem querer

Quero deixar-me escorrer em grandes letras com o teu nome

E contar-te em versos os nossos segredos mais íntimos

Vou colocar  pontos finais em todas as nossas discussões

E pôr pelo menos 3 pontos em todos os nossos momentos de paixão

E finalmente...
terei de desenhar para nós asas, para fugirmos enquanto voamos em nossa imaginação.

Isto pela presença das letras incluindo uma total ausência tua.

2 Mundos

Vivo habitada em 2 mundos
e 2 mundos habitam em mim
Encontro-me de mim desabitada
E por sonhar, acabo desalmada no fim

Tenho morada feita em 2 sítios
E 2 sítios opostos moram agora em mim
Mas, na verdade, eu sou de sítio nenhum
Pois não há sítio suficientemente adequado para mim

Cumpro regras num sítio para depois as desfazer noutro
Cumpro rezas num sítio para noutro sítio as poder cumprir
E como uma atriz uso o meu corpo, cumprindo papéis do que poderia ser eu mas não sou
Vivendo a vida de quem não é, vivo a vida sem saber bem o que ao certo é viver

Sigo assim, cansada de julgar como as coisas deveriam ser
Fazendo sempre algo de novo, dando cada vez mais importância ao fazer
Realço desses sítios tão distintos, a loucura,  o que há de comum no ser humano

Vendo de perto tantos certos e errados do que é inexistente,
Ouço também os podres contados sobre quem quando eu estive, não está
E é engraçada assim a vida de quem não toma partidos

Ver que tanto há para discutir em tudo o que não tem significado nenhum
Ver que tão pouco se diz do que realmente era preciso
Ver que tão pouco no mundo realmente faz sentido

Mas enquanto eu não souber bem fazer-me folha branca de papel
Para guardar meus sonhos, tentarei com meu silêncio, pelo menos,
parecer que partilho algo de comum

Viverei conformada com minha sina de viver assim mascarada
Pois poderei viver compreendendo melhor da própria vida
evitando ter de andar perdida tentando explicar à vida quem sou.

Wednesday, September 12, 2012

Registo de um suspiro

Sou eterna estudante de situações, de desejos, de padrões

E trabalho...
No meu trabalho, há um muro que nos separa
um muro de hierarquias, um muro de tempos sem momentos
Um muro que se deve manter para bem do desalmado trabalho que
a vida nos traz
Demasiado frontal, objectivo sem o seu coração, ausente

E como o meu, quantos mais trabalhos haverão
Trabalhos que com sobrecapas se pode proibir o mínimo olhar para dentro
E algumas maneiras haverão de fingir-se calar o que remexe por dentro

E não se fala na importância de se cultivar a individualidade
Esse assunto é tabu
A individualidade independente de empregos, de estudos, de amigos, de qualquer coisa exterior.
A individualidade que se tem a amar, do que se sente, do que se traz no peito, de se refletir e de  saber pensar.

Hoje vim defender o registar de impressões emotivas, o registar de percepções sensitivas
e por isso escrevo.
Defendo qualquer gesto integral para quem quer saber como ser.

Quando tudo o mais empurra-nos para um especializar, um especificar
Eu quero uma escola que ensine sabedoria de se ser global em vida.
Pois tudo parece já estar registado, catalogado, nomeado, hierarquizado

Vim chamar  pelo que se distingue disso tudo
Estou cansada de conhecimento parcial, cansada de visão com banda estreita
Procuro a ligação de tudo, mesmo  o que une e o que não separa.
Procuro uma visão mais clara.

Pois a vida hoje pede muito mais do que reconhecimento exterior
E pede mais do que as ofertas que nos são oferecidas, pede entrega
A vida pede que retornemos inteiros
Não nos pede que sejamos apenas uma parte de nós ou um reflexo de um projecto.

Quero inteiramente soltar a vida que me passa no peito
Deixando surgir o  desejo ardente de ver o quem eu possa ser
tão independente de falsa e moral compreenção.



Sunday, September 09, 2012

A vida em sonho

Esta noite eu tive um sonho contigo,

Tu estás com teu olhar vago tão preso ao interior
Teus longos cabelos permanecem sobre os ombros soltos por natural descontração
Louco, procuras a magia no que existe de fascinante, no que teimosamente, minha mente diz ser apenas imaginação.

E eu reconheço-me assim em ti,
num tempo que por mim já passou,
num tempo que prossegue seu percurso passando agora por ti.

E vejo que o tempo nunca passa afinal, muda apenas a sua morada
Juntos ou distantes somos ressoados por sensações do que já existe, nada de nosso existindo afinal
Tenho a vista para o tempo que guarda agora seu abrigo em ti.
E enquanto vivo contigo, sou como aquela que veio julgar-te pelo teu dever, que veio exigir-te que vivas, fingindo não compreender a tua situação.

Custando-me assumir a verdade do que vejo,
Vejo que permaneces parado com teu olhar enfeitiçado
Procurando o deslumbre de ver a magia que há no infinito de tudo
Enquanto eu prossigo agindo mesmo quando sei que nada mais há a fazer.

Pois
Sei da tua falta de viver, sei dos teus receios, sei das tuas falhas, sei da tua inocência
Mas ainda assim, parece-me cedo demais para morrer e tarde demais para repensar o mundo.


E o nosso infinito é partilhado

E eu sinto a tua luta interior enquanto tu presentes minha luta exterior.
E dentro procuras o que eu encontro cá fora e eu cá fora procuro o que encontras dentro.
Porque procuras encontrar dentro de ti a magia que eu já sinto e que vejo cá fora na vida.
E eu procuro fora um caminho em que possa estar concentrada com a mesma fidelidade que mantens a tua essência cristalina.

E tu estás sentado com teus olhos desesperançados enquanto eu mantenho-me numa procura vigilante. Enquanto tu estas satisfeito por seres dono de nada, eu quero ser dona de tudo.
 E ao estarmos juntos tu deixas-me guerrear comigo mesma enquanto permaneces tentando encontrar um acordo contigo.

E é por isso que tu pedes-me para contar-te dos sonhos vívidos que tenho tido  enquanto eu espero um dia ter a paciência que tens de deixares-te viver a simplesmente sonhar.