Friday, May 04, 2012
Deixar teu corpo
Teu corpo é instrumento musical que toco suavemente como a um alaúde
Meu ventre teu templo sagrado onde te fazes refúgio e consagras teu peito nu
Teu rosto, tua pele clara, tem olhos que fazem-se os de um anjo divino
E meu toque te toca e te cega como se minha mão de apenas luz se tratasse
Da tua fúria, surge a paixão mais destemida e mais ingénua
Existente no peito da bela criança que ainda agora nasceu e que já seduz
E deixo suavemente teu corpo,
Deixo-o com a neblina de um amor puro, que em segredo,
no amanhecer, de mim saiu
E saio de ti ainda com tua parte não minha em mim,
Saio, mas levo tua serenidade, tua fúria e tua vontade
Deixando em ti meus anseios, devaneios e minha sensualidade
Saio de ti toda reunida, descomposta e esperançosa,
Toda extasiada de nosso amor que recusa ver-se cumprido em dor
Saio adorada e por em ti adorar, saio ainda ansiando voltar
Nesse mundo tão pequeno, dos que não olham nos olhos como nós
O nosso mundo grande se desfez em nós
Pois tu olhaste-me feito fera feroz sem deixar meu velho eu olhar para trás
Sem medo do que descobririas, não deste escolha sequer
fizeste-te todo imerso e escondido em meu olhar
E fizeste de mim Dona do nada, assumir o vazio que habitava em mim
Porque em meu interior foste poesia e magia
e até vi em ti o sangue quente da terra a fluir
E quando nossos verdadeiros olhos abrirmos
Nos ergueremos e veremo-nos ainda sendo Um em Primavera,
Veremos que seremos Um mesmo quando já ressoados e suados
andarmos nus e separados sobre a Terra
E ainda frutíferos do futuro, seremos as vezes lembrados pelo passado
E seremos, vezes sem conta, ainda do Sol e da Lua que por nós se flui e se influi,
Sem querer deixar-se cumprir, sem levantar o véu que nos cobre do mundo.
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