Saturday, January 26, 2013

Dança da vida

De volta a escrita...


Vida, tu és uma dança,

És uma dança de vultos, dança de corpos
E como dançam os corpos a beleza e feiura do mundo!

Vida, és como uma sombra que passa, e pode reconhecer seu nome ou não
E as sombras quando pensam que se reconhecem é porque não sabem quem são
Pois só quando não sabem de si, podem saber que estão realmente a viver
E por isso, só sabem de si a dançar

E ainda assim,
As vezes, dá-se uma chance apenas ao que está a venda
Dá-se uma chance ao que há do passado de amargurado e que não se pode esquecer
Dá-se uma chance ao simples passar do tempo
Dá-se uma chance a tudo o que possa camuflar, e aprende-se a fingir que não existe nada que realmente possa alterar alguma coisa.

Porque tanto temos a proteger, porque o pouco que tínhamos foi vendido em saldos.
E no fim, muito pouco possuímos de nós.

Quando não se dá uma chance aos velhos sonhos de criança
Quando não se dá uma chance ao que trazemos de nós mesmos,
não se dá chance a quem errou em seguir o seu instinto e agora se sente incapaz
Não se dá chance a outros que tentam e embora o façam pareçam tão iguais aos demais.

Porque dar essa chance seria abdicar da certeza, dá fé em nunca haver nada de novo que possa alterar alguma coisa.
Seria abdicar da certeza de que somos diferentes dos outros, não erramos, porque se errarmos confirmamos que nada de nós temos sido.

E a conveniência da rotina, é tão fácil de seguir…
E a ilusão continua tão barata, tão fácil de se engolir
E como é fácil entrar nesse jogo, e só assim, passar despercebido

Porque aparentemente justificar minhas escolhas, seria estragar a minha maquilhagem de vítima.
Mas como dançam esses loucos das ruas
São desgraçados, tem roupas estranhas, será que não percebem isso?

Quando não se dá uma chance a ausência,
Quando não se dá uma chance ao ouvir do porque do coração bater
Não se pára, porque isso nos tornaria atrasados em relação as restantes pessoas que se comparavam a si mesmas.
Não se dá uma chance a mudança de cores do céu, e ainda assim os humores tentam estragar a grande imagem de mim que tento manter

Não se dá uma chance a um sonho porque não traria beneficio nenhum, e o caminho que sigo já está mais bem trilhado, permitindo manter os demónios em seus respectivos lugares marcados.

E não há mais tempo para danças!

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