Terra de quem vai e não volta
Terra de quem vem e nunca mais volta
Sentir-se a miragem de paisagem
Num caminho sempre de passagem
Terra desconhecida para alguém
Vazio tempestuoso para mim mesma
Pranto desconsolado num breu familiar
Plantas de corpos de vidas vivas em constelações
Os dedos de teclas soltas num mar de canções
E a escrita é o sangue dum átomo de chão
Enquanto isso tudo é tão calmo, mesmo enquanto se ri e se chora
São místicas as fontes onde encontro o teu ser no meu
Escrito despido sujo e puro em criança, nisto tu
Esta coisa antiga, infantil, dona de si de tão perdida na perdição de mim
De nós, nos fazemos já nascidos, antigos do que antes já havia sido
Tão pequenos de tanto que existe no peito
Soltamos o que há, o passado e o futuro num só
Iniciados naquilo que já sabiamos ser passageiro
Amarmo-nos num baloiço de emoções, desfeitas em trocadilhos
Sonhados dos sonhos contados em infantis cançoes
Cada um na sua versão classificada de antigo e novo portugues
Ver que da vida o que há é um troco do que foi pensado
E cairmos para levantarmos o chão e sermos novamente multidão
Mas o passado não cura, e o futuro cai da janela
Leões, tigres e cães são donos dos ossos dos nossos nobres ofícios
E as almas são maiores, são licores, são flores, são crianças que sonham maiores mundos
Ser tua nesta terra, que à ela me faço dedicar
Crescendo de aviões de terras que vão e que ficam,
dor do que passa e se esquece sem parar
Ser de quem nunca soube de onde vem senão por uma canção
Ser que se faz tocar
Saturday, September 20, 2014
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