Sunday, July 12, 2015

brisa



Entre as penumbras que surgem de manhã, surge no vento uma brisa de dádiva e uma brisa que tira.

E os pensamentos nos dizem, que quando se pensa ter, o melhor é pensar não ter, e que quando se pensa ser dia é melhor pensar que é noite, porque ao longo do dia tudo se vai alterando.

E observa-se o tempo a passar, e o tempo parece tão escasso, não há vontade de fazer nada
Apenas a vontade de observar como o mundo se move a nossa volta, tudo numa tendência abismal.

Entre as folhas, que se estendem no chão, caminha-se numa direção sem previsão de chegada a um destino certo. Entre as folhas avista-se em tudo o que se ganha, tudo o que se perde.

E o vento passa, como nos vai passando a vida, por vezes queremos rir que nos alivia, por vezes alivia mais quando à noite, se chora.

E a vida nos tira tanto, e tão poucos são os frutos, que o melhor é guardá-los para as surpresas futuras, e o presente se nos escapa, como se nos escorresse da mão.

E num dia acordamos, e ninguem está, ninguem nos vai mostrar o caminho, e os dias passam construidos, com pouco do que se possa fazer, as estações mudam como todos os dias enquanto se envelhecem a pintura dos sonhos.

E entre as árvores e as folhas caídas, entre os cheiros de montanha, que sempre souberam avisar, nada realmente existe, nada realmente há, mas tudo parece existir apenas no silêncio do vento.

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