Literatura,
Âncora,
que me segura face às flutuações dessa minha adolescência já tardia
Curiosidade,
que afoga e transcende minha noção de capacidade intelectual
que me segura face às flutuações dessa minha adolescência já tardia
Curiosidade,
que afoga e transcende minha noção de capacidade intelectual
Aventura,
que me surpreende face a um trilho que nunca antes sequer vislumbrei ou pensei visitar
Antídoto,
para uma receosa preocupação que conduz a uma passiva e dolorosa depressão
Muito vejo e sinto de um mundo que me custa a aceitar, talvez sendo isso o que me leve numa viagem rumo a uma persistente tristeza
Decepção com um mundo de pessoas que acabo por sem querer ter de observar
Acima de tudo, sinto-me solitária.
Solitária, mas não reprimida
Reprimida sim, sinto muita da minha geração entre outras tantas, maioriatiamente, assim
Tão cegas a toda essa boa literatura e cultura que nos presenteia sempre com tanto para dar
Como queria que amigos sentissem o que eu sinto por vezes ao ler um saboroso livro ou a ouvir uma multicolor canção jazz
Como queria simplemente não me importar de estar sempre sozinha na mais pura e mágica imaginação, perdida em todas essas imensas tonalidades de diferentes criações
No entanto, solitária sinto-me ao exprimir todos esses meus momentâneos e instantâneos contentamentos
Quase que sinto dificuldade em comunicar com outros jovens, não por falta do que dizer e sim por saber que pouco interesse teriam em me ouvir
Felizmente, raras excepções vou encontrando, e essas descobertas de pura magia sensorial acabam por propagar-se pouco a pouco ou sem querer
E assim, a mim própria, vejo.
Por outros, completo-me como se de mim fizesse um puzzle e o completasse peça a peça
Se pouco de mim posso dar, dou-me à escrita assim, periodicamente.
E da literatura,sempre que posso, faço refúgio,
um passo a passo que me leva rumo a mais pura libertação
um esquecimento de todo esse desamparo mal resolvido.
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