Se pudesse, deixava todas as mágoas para trás como se deixa um objecto esquecido.
Se pudesse não rever o passado, vivia apenas a felicidade de um futuro promissor e apenas o presente da verdadeira essência de cada pessoa espalhada no infinito.
Se pudesse esconderia apenas num pequeno baú a imensidão de toda a essência e todo o carinho e amor que vivi durante cada passo de criança traquina que dei.
Mas surge e ressurge uma certa e dolorosa nostalgia.
Uma ânsia de recriar o que jamais foi de facto materializado.
Há sempre algo que fica por dizer, por sentir, por dar, algo que se vive sem poder ser contado.
E fica a inexistência de como transmitir esse sentimento engasgado no peito.
Surge o passado como um inimigo que luta contra o viver do nosso promissor futuro.
E assim,
O caminho vai se fazendo mais duro com o arrastar dessas lembranças de sentimentos, duras correntes do que se fica por sentir e de palavras que ficam por dizer.
Até quando carregaremos o mundo nas costas? E quando poderemos finalmente nos libertar?
É nessa esperança de transmutação que nasce uma flor de entre cinzas, cinzas que contam e recontam histórias de pura e vaidosa melancolia.
E é nessa flor que vive o nosso sorriso de criança, uma pureza que nunca cessa por mais carrasca que seja a vida ao dizer adeus a belos sonhos desacreditados.
Monday, November 28, 2011
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