Como mãe, leio e releio tudo o que escrevi
Só para lembrar o que sinto de quem sou em meio a tantas reviravoltasAcaricio levemente essas lembranças de sentimentos, que ainda tanto trazem alegrias como trazem dor
Cada texto escrito foi escrito com a terna dor do nascimento
Cada texto foi registo de quem eu fui mas não me lembro Registo de quem eu não sabia que existia naquele dia em que escrevi
Toda a entrega real que faço tem uma dor envolvida que pode ser revivida
E revivo pelo prazer que tenho da dor em reconhecer quem sou
Sem precisar lembrar deixo o que lembro passar por mim
E deixo esse vulto externo contar sua história e sua razão mesmo que esteja já adormecida e deliciada em mimSem saber onde estou deixo-me possuir por velhos sentimentos tão distantes da vida que é viver.
Mas se a vida não são as histórias que se contam e recontam em nós mesmos
É bom que sobre muito tempo para receber esses velhos vultos de sentimentos É bom, quando sobra tempo para ouvir secretamente essas suas queixas mesmo quando calmamente sentada, ou bebendo um chá.
É bom, quando sobra tempo para deixar escorrerem-se suavemente pelos dedos,
E deixar escritas aparecerem sozinhas num qualquer papel, que já surge tingido.
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