Tuesday, May 14, 2013

Águas fundas

Existe um conflito em mim
Um conflito entre um interior vulcanico que com efervecencia ainda procura brilhantes
E um exterior desertico, entupido de pseudoautoridades, que se rendem a pressoes

Existem conflitos em mim que mais parecem possessões
Do que sou eu mas não sou, do que eu poderia ser se me encontrasse
Do que poderiam querer que eu fosse, do que querem que eu seja agora
mas não sou...

E é por isso que eu vivo as vezes numa lastimosa duvida entre ser naturalmente deslocada
Ou recolocar-me para estar em paz com o mundo declarando guerra a esse meu ser
que se quer controverso e lunático

E como meu ser não se deixa a si próprio ver-se
Assim as pessoas a mim são apenas meras ilusões, fantasmas que de mim fazem juízos
tão distantes do que sou como as estrelas do céu são de quem as observou

Como um remante num rio que flutua sobre águas fundas,
assim vou levando a vida porque tem de ser levada a remos, com esforço
E assim levo uma vida de boas paisagens mas de esforços para continuar a conseguir ver

Porque a vida pede cada vez mais adaptação, pede luta diária por sobrevivencia quando tudo o que eu queria era manter-me num sono bom.

E quando o arco-íris de relance aparece, esqueço as horas e lembro,
que tudo o que era preciso para ser feliz era apreciar,
E aprecio apenas em poucos momentos, numa mente que não para
porque insiste que quer andar de frente para trás

A vida em mim quer constantemente trocar roupas pensando que assim pode melhor de si conhecer
Em auto-testes desafia-se até sangrar,
numa necessidade de cavar sempre mais fundo e mais a escuridão do que seria realmente necessário.

E cá de fora, ninguém entende, poucas almas humanas poderão reconhecer,
essa vontade de renascer, esse desejo de se deixar morrer por apenas querer viver.

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