Lamber os beiços a isso tudo
Dar-me delicadamente assim num copo de vinho
Açoitar de vez a consciência
Apurar o gosto para um auto golpe profundo
Recitar versos aos fantasmas do tempo
E drogar-me em alucinações terrestres
Sair-me docemente em galhofa
Soltar-me toda num ego morto e falante
E vangloriar em mim toda a miséria
Sendo a rainha de todos os famintos
E vomitar o ouro que outros nos devem
Lambuzando as tripas nas lamúrias do que não fui
E aproveitar os restos do que me foi dado
Embriagar-me nos convívios das luxurias inventadas
Deitar-me no chão e derrotar-me de vez aos outros
Sendo homem para não ter o papel normal passivo e feminino
Engolir o sangue da inútil introspecção
E gritar aos outros as únicas palavras usuais a serem ditas
Lambuzar-me mostrando a merda que me criou
Arrotando nos sonhos, só para dar a luz,
a tudo o que é gasto quando se é adulto.
Wednesday, December 25, 2013
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