Queria dizer-te que o mar sempre esteve
no teu olhar
Que o abrigo que procurei foste tu
E que o Sol que procuras já estava em
ti
Queria mostrar-te que aqueles que
deviam saber afinal
nunca souberam nada
E eu sei porque quando estava na lama, olhei para cima e vi
Queria mostrar-te que tu és grande
Embora te acredites pequeno
Por dentro tens o mundo inteiro
Mostraste-me sem querer um dia, em que me
abraçaste
e ninguem me disse nem tu, mas por
fazeres-te pequeno, eu vi
Queria-te aqui, por não quereres tanto
aqui estar
Por seres tu, e mais ninguém, por
estares bem sem nada de mim
Por seres fraco, seres tu, mesmo sozinho,
por deixares-te ser quem és
mesmo sabendo que não terás ninguém
ao teu lado
Eu fui no tempo, eu sou das memórias
Como água argilosa que reflecte, o
tempo que já passou
Agua que se pisa e se esquece, brisa
que paira sem teto
Eu vi, vi o mundo numa inspiração,
Vi o mundo, vi os mundos que variam no
íntimo de cada lugar
E numa poça te vi, tão tonto de não
seres de lado nenhum
Como eu, que estava tão bem vestida de
nada
E eu em mim, me acredito tola, também
Tão zonza de poucas certezas
Com a cabeça fugindo do tempo
Com os pés perdida entre espelhos
Tão parada, por ser dentro, um ser de
mar agitado
Tão ansiosa, por ver tão pouca gente
a viver
E sabendo que o futuro é isto,
esse sangue pisado sobre a sensação
sabendo que o futuro é suposto ser rocha,
em vez de ser esse amor
do futuro não ver sentimentos, mas
planos
E da vida, ver mais papéis do que sonhos
De tão poucos sonhos que tinha, vi que
sonhavas tão bem...
Sonhavas calado enquanto eu cansada
suspirava,
e tu calavas, e eu era, o teu silencio
que escutava,
no meu peito eu escutava a tua voz calada mesmo enquanto eu
dormia.
E eu queria dizer-te, o que só poderia
dizer calada
queria partilhar contigo o mundo que
me tem habitado ultimamente
Mas quando olho o céu a noite,
lembro que o meu mundo interno há de
estar ali também
e que se te dissesse a ti eu já não seria mais
novidade nenhuma
Só te posso dizer,
que devemos estar sempre no lugar certo,
mesmo por nunca estarmos bem em lado
nenhum.
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