Não queria ver-te
Mas ver-te quer a minha pele
tão irresistível a essência de um pássaro a voar
sobre o mar, sobre o mar da ausência, tanto de chama,de fogo, de morte
Não, eu não queria gostar
Se algo houvesse longe de ti
Nem és tu, é a fantasia que te cria, são os fantoches da tecnologia
Tanto passado, tantas árvores, e tu aí parado
Ventos sopram
Ventos tão cheios de nada
E eu tão vazia de mulher, vazia de sonhos
tão feita de chama, tão quieta, tão cansada desse nada que nos fazem
Não, eu não queria ser quem tenho de ser
E tu, tu pareces ter tudo a teus pés
E por isso, eu queria era ter-me a mim
Sendo tu, tão irresistível a minha pobre visão, e eu tão simples
Das coisas que se pisam, das coisas que se desmancham no chão,
O fogo que me queima, o fogo da razão, resto meu, és mar neste mar de tuas sensações
As flores, as paisagens, um gesto, o desfolhar
E eu tão parva, tão ignorante e parva,
que nem precisava mais nada de ti saber
Sim, sentir apenas, sentir tudo ao mesmo tempo
como as estrelas ao longe, como os olhares infantis,
Esquecer das lágrimas passadas, dos desejos coloridos por duras visões
Para os outros, para mim
A vida eras tu
Eu era vazia
Wednesday, August 13, 2014
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