Eu sou a máscara
Tenho escárnio
Tenho fascínio
Tenho íntimo
E não tenho domínio
Mas tenho uma máscara
Cobre me os devaneios profundos que assombram o ser
Protege-me contra os prováveis infortúnios que se revelariam a luz da verdade do meu íntimo viver
Sou máscara pura mácula, sou escudo escuro no meio da escuridão
Eu sou a protecção contra a incompreenção
Vivo no mais banal viver
E cubro qualquer ser vivente que se aproxime de mim
Eu sou o ascendente
Não tenho fé
Não tenho compaixão
Não tenho liberdade
Sou como a ideia de posse,
sou a ínfima sorte
Assombra-me por vezes a vulnerabilidade de mulher
Necessito expressar coisas que vejo com os milhões de olhos do interior
E sem ter a quem recorrer, quem o possa compreender, recorro a ti
máscara sem dor, máscara sem rancor
Sendo apenas mulher banal, sensivel, que vislumbra o real, que sente
A máscara é o olhar para o incompreensivo que pensa que me pode compreender
E não me vá eu perder no caminho
Deixar eu de saber quem sou,
deixo a máscara cair sobre meu rosto repleto de lágrimas e de amor
E caiu sem querer na desgraça de amar de mais até quem nunca sequer amou
Mas a vida quer-se amor afinal,
só se quer a máscara para impedir mergulhar na profunda dor de um ser desamado.
Só se quer a máscara para fingir ser feliz num final que não está acabado.
Por dentro sou a Alice de uma extensa fantasia
Sou criança com ideias fixas de uma eterna adolescencia tardia
Sou pico de uma montanha permanentemente a beira de um queda ao infinito
Sou reflexo vivo de um ser vivo que se preenche de além no paraíso
Por dentro,
só tenho a dizer que não há mascara que sobreviva, ao íntimo calor da verdade
Nem há chama externa que penetre na casa de espíritos viva do meu interior
Por dentro,
não há voz que ponha em causa ou cale o fruto da realidade que aos antigos,
e aos apaixonados, o conto mágico revelou
Friday, July 13, 2012
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment