Sou fumo de lareira.
A sociedade está doente.
E eu, não sei se estou.
E o não saber se estou faz-me ter alguma sanidade.
A tristeza vem a passos lentos e profundos, mas com ela eu
não vou.
Não me rendo a auto-compaixão, toda a gente tem o seus
momentos deprimidos.
Rendo-me a Arte, esta sim sabe ser extrema e flexível, sabe
ir mas além e de uma vez só voltar para trás. E só o artista é, este sim,
realmente, é um ser vulnerável, eu não.
Se serei louca, quem não será?
Se o mundo para mim, não se pode fazer num jogo de xadrez…
Se o mundo para mim não tem
encaixe perfeito…
Depois de longas discussões, vou fazer as pazes comigo e
aceitar a louca que sou.
Porque quem viu sua origem nascer da confusão, não conhece
mais do que esse ser confuso.
Nunca pode voltar
para atrás e da ingenuidade retirar o viver feliz na ilusão.
Sou nascida do fumo de lareira.
E cedo a vida me tornou gasta demais, para alguma vez
parecer realmente sã.
A vida não me quis ovelha de nenhum clã e dos clãs da cidade
retiro o seu amargo sorriso, que no meu caso, escolhe estar solitário e
escondido.
E por isso, é melhor aceitar meu simples figurino natural de
personagem desencaixado.
E minha altivez, perante apenas, fantasmas tristes do
passado.
De onde brota, por vezes, alguma paixão, de feridas mal
saradas do que eu já soube e já não sei.
E eu nunca sei para onde vou,
E nunca sei se devo ir ou ficar,
Porque o meu tempo de acreditar já passou.
Porque nenhum lugar, nunca completa a profundidade do meu
coração.
Coração de quem não tem fundo, nem forma, nem direcção.
Vou sendo é essa contemplação dum choro bruscamente
engolido…
18/07/13
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