Hoje sei que agarro sentimentos como se fizessem parte da
minha estrutura óssea
Humores são ossos do meu esqueleto e faço de sensações a
musculatura que encobre-me o corpo
Sendo assim, a pleura do coração é a pele que me encobre.
E toda a sensação cobre me mais que o corpo, é rasto que
deixo em tudo por onde passo de segundo a segundo num tic tac profundo que se
desfaz após serem como ondas do mar, numa ondulação que dança.
Hoje disseram-me que sou de tudo e de todos,
que dos outros construo paisagens que se tornam parte de mim
e por serem minhas são de mim. Quando tenho que as soltar, custa-me porque largo
pedaços de mim.
Hoje descobri que quando me calo é porque torno cada palavra
dádiva de se entregar
Tão dádiva que minha alegria sacrifico em prol de sentir
algo maior, em prol de preferir ser essa entrega ao infinito do que cobre tudo,
e por isso choro de solidão
Mas foi de ti que tudo soube,
Porque foi hoje que me telefonaste, e depois de meses de
intensa presença ausente nos reencontramos, finalmente prontos para nos
ouvirmos, finalmente prontos para não fingirmos.
Porque antes tu fingias que te conhecias, e que eras teu
segurança pessoal e eu fingia o mesmo de mim.
Hoje, depois das lutas de ventos e vendavais que travamos,
finalmente estávamos cansados, suados e decepcionados connosco o suficiente,
para sermos capazes de nos ouvir um ao outro.
E de caminhos opostos de onde vimos, hoje descobri por tuas
palavras como agarro brisas de sentimentos como se fossem chão e como tu as
soltas na esperança de te encontrares em algum lugar longe de tudo.
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