Sunday, June 30, 2013

Espera


Só na ausência és realmente meu
Tua desilusão em mim é o que me torna real e nessa realidade tu estás.
Numa vida até ao milímetro calculada,
só o meu sofrer por tua distância faz-me saber alguma verdade.

Porque minha mente é desumana e cruel, todo o seu toque é fatal.
Sempre tediosa quando está satisfeita,
e nervosa quando insatisfeita está.

Por isso mesmo, felicidade deve ser uma transversalidade que nunca é transversal.
Está entre aquilo que não é na ilusão de que o é,
como estar acordado num vazio cheio de nada.

Só vou sentir-me satisfeita ao encontrar-me toda desfeita numa cama de íntimos eus.
Não encontro descanso para a vida nem a dormir e nem acordada, apenas numa chávena de café ao ser apreciada, quando sabe deixar sua amargura no fim.

Este é o retrato onde quero mostrar-me porque é o retrato mais real que faço de mim.
A insatisfação sempre é uma cura para a loucura do hedonismo.
E a satisfação sempre é uma cura para loucura de querer esquecer de uma vez por todas de mim.

lado nenhum


Só sei escrever de sentimentos, não sei escrever sobre coisas.
Porque não tenho ainda a substancia que as coisas tem.
Sou só vapor de ideias, rasto sem direcção
Faço coisas ao mesmo tempo assim como tudo em mim funciona em turbilhão.

Só sei escrever palavras soltas, porque só sei viver sendo solta
Não sei ser feliz no amor, quando estou bem, descolo-me
Quando não estou com ninguém leio o romance nos outros.
Porque tudo em mim é liberdade e prisão, tudo em mim é inconstância.

E se algum dia chegar o momento de eu concretizar quem sou
que a inconstancia não me traia, que a ansiedade não me faça fugir dali
Que o desquerer não me faça perder a esperança, que a decepção não me possa impedir

 que finalmente possa ser mais que fumo de lareira, ser mais que tinta de papel
finalmente possao parar só para olhar algum sitio
e sentir que finalmente posso deixar fazer-me parte de algum lugar que não seja lado nenhum.