Thursday, February 26, 2015

Viver


Existem consequências de apenas existirmos, embora existir dê.
Existem as dores, que são as do nascimento quando se tem raízes.
Viver, não são as dores do que custa viver, embora caminhar possa custar
Mas o preço é apenas um pequeno espaço comparado com o ocupado pelo próprio acto de sonhar.

O preço não vale o nascimento, não vale a espera, não valoriza a idade.
O preço existe conforme o tamanho do sonho, por que quanto maior é o sonho
maior o tempo do caminho necessário ao caminhar, e maior a esperança necessária a uma troca triunfal


Existir, só se dá a quem de si mesmo retira, a quem abdica, porque existir retira de nós para o mundo.
Só pode viver o autêntico, porque realmente o acto de viver só existe quando existe na sua propria presença, que é por nós mesmos criada.
Viver só vive quem se cumpre a cada dia.


Mas qual é o sonho? Qual é o próximo barco? Qual o tempo necessário de recolhimento?
As consequencias duras, são apenas o sinal, de que a vida é do próprio e não dos outros, porque, no fim de um dia de trabalho, no fim das aulas, afinal o peito existe e não cala.

Não há o que compreender na existencia da solidao, na existencia da dor, se a vida também tem dor, se a vida tambem tem discussão.

Se isso é o sinal de que a vida não cala, de que a vida tem sangue nas veias e tem paixão.


Mas qual o próximo caminho a seguir? Qual a direção? Qual o próximo companheiro do peito?
Aprender a receber, há de ser não esquecer, que nunca se será o que não se é no momento,
que o futuro não é mais do que o presente vivido no momento, que nunca somos mais do que o que nascemos já sidos.

Todos nascemos cumpridos, resta aceitar a condição de apenas humano. Resta aceitar que se é folha, que se é rasto, que a direçao faz o próprio caminho, quando o sonho já foi desde o inicio cumprido, que mais importante é o tamanho do sonho desde o inicio, e o tamanho do coraçao, que seja grande, para manter-se em estado de recepção, ter  cuidado para que a vontade se mantenha firme e não se desvie com os pequenos truques da vida, que ousam desvirtuar toda a nossa humanidade.

Porque esses truques não se calam de existir, ousam sempre existir mais do que quem ousa dar.

Saturday, February 21, 2015

flor

Como flor que abrisse fora da estação, procuro eu estar fora.
Fora para que possa ver-nos, num momento, enfim, completos.

Encontrei-me  a trilhar o caminho que eu própria escolhi repleto de plantas, árvores e poucas, insípidas pessoas.
E encontrei-te no mesmo caminho que fizeste do passado, de palavras ao vento, de ventos à multidões, tão cheio de todas as razões.

Em minha mente, das lembraças que guardei, faço-te tão político, como amoroso, tão sensível às letras ao vento quanto tão forte aos teus próprios sentimentos. Como se toda a oposta existência apenas pudesse existir numa pessoa só.

Em minha visão, vejo-te num caminho muito próprio enquanto a mim, deixas que te olhe como se eu fosse flor, paisagem crua à semelhança de outras flores que encontras no teu caminho.

Em mim mesma, podia sentir raiva, tristeza, desconsolo, mas na infinitude da dor tudo o que eu sinto de mim é esse ser intocável, ausente de si, que vive como flor, ao teu olhar apenas expandida da beleza que do teu mundo tu a mim trouxeste.

Aprecio essa brisa tua, de observador, de tático, tão calculado em tudo o que eu nunca poderia ser do que sou. Aceito-te abertamente e incondicionalmente, como se agora tu tivesses porta aberta e pudesses ser conhecedor de todo o vazio  que viveu dentro de mim desde que tu chegaste.
Uma vez que, dentro de mim podes encontrar  tudo o que tu mesmo já viste, todo o teu passado, sendo que fui dele eu mesma tingida.

Mas eu nada mais poderia ser  do que essa flor, essa estampa que se colore, esse quadro que se deixa branco. Embebeste-me com algum saber tão oposto ao que eu propria fora e foste embora, friamente, como que para eu saber que da vida, o que tenho realmente é morte e do absoluto é só a migalha que mereço ter.

E tão absolutas como no fundo eu queria, ficam apenas essas antigas memórias, que como terra desfazem-se em pó e surgem-me em camadas desfeitas de antigas dimensões, em vidas desfeitas para serem nada e serem tudo o que puderem ser outra vez. Entre todas elas eu ainda espero, como antes de te ter encontrado em flor, espero ainda apenas nelas poder fazer-me habitar.

Tuesday, February 17, 2015

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