Sunday, August 12, 2012

Nostalgia interior


Sinto-me arrebatada para o passado
Sinto uma fúria extremamente difícil de transcender
Sinto um desalento do que me faz sustento
Sinto um desapego por aquilo que facilmente me quer prender

 Sinto-me completamente desencaixada do sítio que escolhe meu ser envolver
Porque sinto que fui desamparada pela realidade que me foi ensinada
Sei agora de livros do passado que toda a história foi afinal mal contada
E tolo é quem pensa saber ver a realidade apenas no mundo contemporâneo
Sem rever no passado a verdade que era dita através de frases de arte tão objectivas quanto fatais

Sinto-me enganada por tamanha contemporaneidade superficial
Sei de mim agora não mais perdida em instituições e logotipos mentais
Sinto que passei anos desmembrada em termos intelectuais
E sei como essa parte afecta todas as outras,
Pois dou-me conta do pouco que se pode ver, quando pouco se sente e poucas reflexões do passado se contemplou.

 Não é de conhecimento académico que falo aqui
Não é do dogmatismo de verdades morais que aqui me refiro
Nem é de apenas crítica a quem já sabe tudo e quer impor o que leu
Mas apenas um apelo a que se soltem as amarras que nos prendem a visão,
essas amarras que limitam tão fatalmente a natureza mágica do passado do mundo

 É apenas um apelo a justiça a arte antiga,
Um apelo para que se leia os autores e não apenas os críticos.
Um apelo para que se perceba a perspectiva de um quadro e não se veja apenas o que restou do retracto.
Um apelo para que se leia o rótulo e não se compre apenas a imagem do produto.
Um apelo para que se viva a vida e não se passe apenas cego para cada detalhe de um segundo.
Um apelo para que se vivam aventuras em vez de apenas reler e comentar as aventuras dos outros.
Um apelo para que além de lermos historinhas oficiais possam as pessoas viver as histórias do passado, através das pessoas do passado nos originais livros de literatura.

 A vida é mais mágica agora que percebo como a mentira é vendida a preços altos, descaradamente, a viva luz do dia.
A vida é mais mágica porque vivo a vida por mais do que a capa de um livro já banalmente vendido.
A vida é apenas original quando se pondera sobre o passado o momento presente sem considerar que o que vem do passado é inferior.
E quem comtempla a arte do passado sabe que muito menos superficiais eram os tempos anteriores.
E quem ama viver no agora sabe que pode escolher viver com uma perspectiva cada vez maior o futuro, através de sentimentos que com personalidades do passado ousa fazer uma partilha.

 E é só assim que posso sentir que vivo.
Alguma verdade mágica da vida tem-nos sido vedada e apenas nós, somos capazes de a revelar a partir dessa nossa curiosidade interior.