Serei um dia capaz de amar?
Verdadeiramente amar?
E não ter mais de esperar, de procurar…
É que na verdade não sei bem o que procuro
Nem quando ao certo comecei essa incessante busca
Estarei em busca do criar? Do sentir?
A dúvida que me persegue: seremos ainda capazes de criar verdadeiramente?
Nesse turbilhão de um tudo que podemos comprar, de um tudo onde permitimos fingir acreditar viver e de tanto tudo tão desnecessário ainda por cima
Serei alguma vez capaz de amar ou terei amado realmente?
Se tudo o que permanece da minha mais forte lembrança de amor, é o querer possuí-lo num fogo sem fim.
Se tudo quero, tudo o que a minha sede desperta, estando constantemente sedenta de curioso saber.
Uma ânsia de conhecer que consome o meu ser, uma culpa por não saber tudo o que ainda não conheço.
Gastamos tanto tempo a dormir, gastamos tanto de nós com o mais vil prazer
Quando podíamos estar a saciar essa sede, do saber não sei bem o que, vindo apenas do que do momento ou de lembrança e sabores a passado perdido.
O lugar que escrevo vai sempre dar ao mesmo, estou entre pessoas que passam sem saber onde ir primeiro, ou tão certas de onde vão que se tornam indiferentes a vida que delas se despede.
Pessoas que se repugnam entre si, que se repugnam a si mesmas, pessoas que só de pessoas um enigma são de si.
A brisa do costume é tão calma, mas pouco calma é essa minha familiar sensação de angústia, de culpar.
Culpo negar, culpo não estar noutro lugar,
Sinto que escorre cada minuto onde perco pelo meu corpo, cada minuto onde podia estar a viver outra vida noutro lado qualquer, melhor ou pior sem importar muito tudo aceitando apenas o aprendizado acrescentado.
Viver apenas, poder ser mil vidas ao mesmo tempo, mil vidas de uma vez, ser tanto ao mesmo tempo e quem sabe poder gerar de mim, muito ou pouco de algum puro valor, tão raro por aqui.
Espero e procuro alguma esperança de acreditar que a pura criação ainda existe, mesmo onde somos confrontados com tanta mentira que se quer fazer verdade, com tanta distorção, escolhendo estar tão longes de alguma verdade puramente nossa.
No que desejamos todos somos iguais, quer-se paz, quer-se saciar o desconhecido interior, porém é no que sonhamos que admitimos a nós mesmos o que daria mais puro sentido a nossas vidas. Mas surge o medo se por ventura resolvemos contar isso a alguém.
Por cada saciedade encontro-me em censura e sem querer encerro-me em mais uma procura, encontrando mais um passo que dá encontro com ainda mais breu no caminho.
A vida obriga-nos ao despegar da dor e ao despegar do amor, um amor a que já nascemos apegados e mesmo quando percebemos tão ilusória que é toda a forma, acordamos como reles mortais obrigados a aceitar que existe o inevitável fim.
Mas até isso interrogo, existirá mesmo fim?
Saturday, December 31, 2011
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