Wednesday, September 12, 2012

Registo de um suspiro

Sou eterna estudante de situações, de desejos, de padrões

E trabalho...
No meu trabalho, há um muro que nos separa
um muro de hierarquias, um muro de tempos sem momentos
Um muro que se deve manter para bem do desalmado trabalho que
a vida nos traz
Demasiado frontal, objectivo sem o seu coração, ausente

E como o meu, quantos mais trabalhos haverão
Trabalhos que com sobrecapas se pode proibir o mínimo olhar para dentro
E algumas maneiras haverão de fingir-se calar o que remexe por dentro

E não se fala na importância de se cultivar a individualidade
Esse assunto é tabu
A individualidade independente de empregos, de estudos, de amigos, de qualquer coisa exterior.
A individualidade que se tem a amar, do que se sente, do que se traz no peito, de se refletir e de  saber pensar.

Hoje vim defender o registar de impressões emotivas, o registar de percepções sensitivas
e por isso escrevo.
Defendo qualquer gesto integral para quem quer saber como ser.

Quando tudo o mais empurra-nos para um especializar, um especificar
Eu quero uma escola que ensine sabedoria de se ser global em vida.
Pois tudo parece já estar registado, catalogado, nomeado, hierarquizado

Vim chamar  pelo que se distingue disso tudo
Estou cansada de conhecimento parcial, cansada de visão com banda estreita
Procuro a ligação de tudo, mesmo  o que une e o que não separa.
Procuro uma visão mais clara.

Pois a vida hoje pede muito mais do que reconhecimento exterior
E pede mais do que as ofertas que nos são oferecidas, pede entrega
A vida pede que retornemos inteiros
Não nos pede que sejamos apenas uma parte de nós ou um reflexo de um projecto.

Quero inteiramente soltar a vida que me passa no peito
Deixando surgir o  desejo ardente de ver o quem eu possa ser
tão independente de falsa e moral compreenção.



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