Tuesday, March 31, 2015
Sunday, March 29, 2015
Wednesday, March 25, 2015
Escorre me o interior
Esta ventania, escorre-me o interior
Quais becos profundos, quais estradas falantes e saltitantes
Não há o que revelar completamente
E na completa escuridão, segue-me esse sangue agitado, estes dentes
Esse golpe final, que desfia a ausência, que escorre o peito num pio
Esta ventania, cospe-me em gosto, brota-me em juras e desolações
Canta-me em sonhos passados, em gerações dos futuros sepultados nos dias finais
Toca-me em tambores universais e em embalos fugidios de terras distantes
Passa-me a pele por pétala, passa-me o tempo enquanto escorre-me as lagrimas tingidas em vão
E enquanto isso, nada há, nada passa, nada caminha, escorre-me o peito porque tudo está escuro
Tudo está por dizer, tudo ficou por falar, na partida, brotou-se me a vida em fim.
O beco, a chama, aquele dia que me amaste, o incenso, e tudo é tão calmo
E o tempo surge perene, e as vidas surgem pacatas, e o vento continua a surgir num grito desolado
Todos os dias serão dias, todos os momentos foram em vão, todas as pessoas querem amor
Corações apertados, apegados, rotos, perdidos, esquecidos não ficaram, todos partiram em turbilhão
Tudo era tão apaixonado, tudo era como essa vela acesa, como os temperos ricos da vida, tudo foi num dia frutífero assim
E os tambores continuam a tocar os dias finais, e as lagrimas continuam a porta, miseráveis a pedirem esmolas de atenção.
Mas não, não há mais o que dizer, sou a mesma esquecida, a mesma que ficou a beira da estrada, sou feita toda para dar, nos dentes de todos os lobos, com o peito aberto demais, com a vida toda ela escondida e despida, com os prantos secos da aurora, rastejante do que nunca pude ter.
E a vida permanece intocada, imaculada, inventada, quais invenções poderão haver para cobrir todo esse buraco de dor, essa passagem ao submundo, esse esquecimento eterno, passado das lágrimas caídas e dos rostos pálidos, das vidas esmagadas e mal refletidas,
quero dormir e não acordar, senti todas as sensações cedo demais, chorei mais do que o mar, e vi mais do que podia ver, quero ficar, não quero ver-te partir, deixar-me assim derretida a teus pés, sem nunca eu ter sabido de mim.
Quais becos profundos, quais estradas falantes e saltitantes
Não há o que revelar completamente
E na completa escuridão, segue-me esse sangue agitado, estes dentes
Esse golpe final, que desfia a ausência, que escorre o peito num pio
Esta ventania, cospe-me em gosto, brota-me em juras e desolações
Canta-me em sonhos passados, em gerações dos futuros sepultados nos dias finais
Toca-me em tambores universais e em embalos fugidios de terras distantes
Passa-me a pele por pétala, passa-me o tempo enquanto escorre-me as lagrimas tingidas em vão
E enquanto isso, nada há, nada passa, nada caminha, escorre-me o peito porque tudo está escuro
Tudo está por dizer, tudo ficou por falar, na partida, brotou-se me a vida em fim.
O beco, a chama, aquele dia que me amaste, o incenso, e tudo é tão calmo
E o tempo surge perene, e as vidas surgem pacatas, e o vento continua a surgir num grito desolado
Todos os dias serão dias, todos os momentos foram em vão, todas as pessoas querem amor
Corações apertados, apegados, rotos, perdidos, esquecidos não ficaram, todos partiram em turbilhão
Tudo era tão apaixonado, tudo era como essa vela acesa, como os temperos ricos da vida, tudo foi num dia frutífero assim
E os tambores continuam a tocar os dias finais, e as lagrimas continuam a porta, miseráveis a pedirem esmolas de atenção.
Mas não, não há mais o que dizer, sou a mesma esquecida, a mesma que ficou a beira da estrada, sou feita toda para dar, nos dentes de todos os lobos, com o peito aberto demais, com a vida toda ela escondida e despida, com os prantos secos da aurora, rastejante do que nunca pude ter.
E a vida permanece intocada, imaculada, inventada, quais invenções poderão haver para cobrir todo esse buraco de dor, essa passagem ao submundo, esse esquecimento eterno, passado das lágrimas caídas e dos rostos pálidos, das vidas esmagadas e mal refletidas,
quero dormir e não acordar, senti todas as sensações cedo demais, chorei mais do que o mar, e vi mais do que podia ver, quero ficar, não quero ver-te partir, deixar-me assim derretida a teus pés, sem nunca eu ter sabido de mim.
Jovens
Lá fora chove, são lagrimas que tingem o chão, rostos que ruminam coisas que existem à superfície
Lá fora existem jovens que correm, relógios partidos pelo chão, existem flores
Seguem-se em movimento as brumas que passam cintilantes nas roupas das raparigas
E seguem-se os trilhos multiplicados até ao infinito, do céu e do mar que querem atingir as estrelas
Mas lá fora, esquecemos, bebemos e acariciamos, nós as raparigas, esquecemos de esquecer
Lá fora, nós seguimos, e vamos nos fechando cegas do gosto da dor, de engolir a própria saliva
E a ventania recai, caímos e levantamos, vestimos e nos despimos, existem as flores mas existem os retratos, existem as cinzas e existem as multidões
E os ventos não se querem recolhidos, as paisagens multiplicam-se, fogem-nos os amantes e a vida mantém-se escorrida, escorre-nos dos dedos o mundo, escorre-nos dos dedos o tempo e a verdura é jovem, é feita para queimar
Os velhos repetem-se, repetem-se as vidas, mas ninguém vai olhar para trás, o caminho é fugidio
Os moços trazem os coraçoes vazios, as saias mantém-se mais curtas, e os livros estão nas prateleiras por serem lidos trazendo ainda flores dentro, trazem o perfume, mas ninguém quer viver em vão,
ninguém quer mais do que o futuro, e os insectos comem os restos bons, e o futuro permanece no passado e somos lentas como os caracóis, no espanto de apreciar um resto que sobre do amante que foi.
Seguem-se os dias, não passam quando queremos, seguem-se minutos e segundos de vidros partidos e de crianças que ficam por nascer, de histórias não contadas, pedaços de cadernos e embalos matinais
Surge a noite renascida, num balanço de querer ser-se vida, e eu sinto-me morte, ferida da maior ferida, culpada de toda a culpa, cuspo nos versos que leio algures pela a vida e só me deito aos sons das marés, reflito para meditar nos ossos do jantar, o que seria feito do mar se falasse.
Vejo o sol em cada madrugada, sei de onde foi que ele veio, canto os goles uterinos que assaltam as imaginações distorcidas nas cabeças engolidas das multidões,
nós somos flores feitas para serem pisadas, quais gestos gentis, quais corações cordiais, existem os arrotos e as dores do parto provocadas por nós, e os sons todos são naturais
Enquanto isso, todas as vidas são gastas, o tempo é sempre contado e ainda assim algo sempre permanece.
Lá fora existem jovens que correm, relógios partidos pelo chão, existem flores
Seguem-se em movimento as brumas que passam cintilantes nas roupas das raparigas
E seguem-se os trilhos multiplicados até ao infinito, do céu e do mar que querem atingir as estrelas
Mas lá fora, esquecemos, bebemos e acariciamos, nós as raparigas, esquecemos de esquecer
Lá fora, nós seguimos, e vamos nos fechando cegas do gosto da dor, de engolir a própria saliva
E a ventania recai, caímos e levantamos, vestimos e nos despimos, existem as flores mas existem os retratos, existem as cinzas e existem as multidões
E os ventos não se querem recolhidos, as paisagens multiplicam-se, fogem-nos os amantes e a vida mantém-se escorrida, escorre-nos dos dedos o mundo, escorre-nos dos dedos o tempo e a verdura é jovem, é feita para queimar
Os velhos repetem-se, repetem-se as vidas, mas ninguém vai olhar para trás, o caminho é fugidio
Os moços trazem os coraçoes vazios, as saias mantém-se mais curtas, e os livros estão nas prateleiras por serem lidos trazendo ainda flores dentro, trazem o perfume, mas ninguém quer viver em vão,
ninguém quer mais do que o futuro, e os insectos comem os restos bons, e o futuro permanece no passado e somos lentas como os caracóis, no espanto de apreciar um resto que sobre do amante que foi.
Seguem-se os dias, não passam quando queremos, seguem-se minutos e segundos de vidros partidos e de crianças que ficam por nascer, de histórias não contadas, pedaços de cadernos e embalos matinais
Surge a noite renascida, num balanço de querer ser-se vida, e eu sinto-me morte, ferida da maior ferida, culpada de toda a culpa, cuspo nos versos que leio algures pela a vida e só me deito aos sons das marés, reflito para meditar nos ossos do jantar, o que seria feito do mar se falasse.
Vejo o sol em cada madrugada, sei de onde foi que ele veio, canto os goles uterinos que assaltam as imaginações distorcidas nas cabeças engolidas das multidões,
nós somos flores feitas para serem pisadas, quais gestos gentis, quais corações cordiais, existem os arrotos e as dores do parto provocadas por nós, e os sons todos são naturais
Enquanto isso, todas as vidas são gastas, o tempo é sempre contado e ainda assim algo sempre permanece.
Familiaridades
Mares de transfamiliaridades, muita lucidez, luzes que piscam em assombro
Partidas e chegadas, cansaço do fim de um dia de trabalho
Verdades coloridas por sentimentos revividos
e roupas gastas das velhas capas que não servem mais
Copos vazios dos sonhos quase esquecidos
E os peitos fartos de coisas que faltam dizer do longo passado ansioso de ser revivido
Saltos rumo a outras margens que iniciam-se assim aos pouquinhos e regressam
Viagens que esperam sempre no mesmo lugar, espíritos famintos que bebem e querem sempre mais
Escuridão presente de dentro, luz que se assume por não aguentar mais
São ventanias, é a vida que é constantemente reconstruída de dentro ao mesmo tempo que de fora
quer-se destruir, manter-se assim destruída afim de se refazer de conhecer-se mais do seu próprio sofrimento
Dor que quero em mim, que me vem habitar por escolha minha, do amante que parte, dos pratos vazios, da piedade dos outros, do escuro laboral, da separação, da ausência, duma morte antecipada
E eu escuto os aplausos, escuto todos os esbanjamentos, escuto, o peso dos que carregam o mundo, e o peso dos que vivem plenamente nele, do nada e apenas pelo prazer dos seus restos mortais.
Lamentos, e cantos, passarinhos que anunciam novos nascimentos, bebes que lambem o doce da vida
E jovens que tão bem cheios do que não sabem existir, vivem cheios de si.
Homens depravados, homens casados, vidas acomodadas, bocas podres e sonhos esquecidos
Existem cores no céu, existem peixinhos nos mares, existem lugares ao longe e existe só existir
E vem outra ventania, e eu volto a lembrar quem sou, por mais uma escapadela, só por dormir mais um pouquinho, por mais este bocadinho de ti, por ser tão familiar tudo o que mantem-se distante.
Partidas e chegadas, cansaço do fim de um dia de trabalho
Verdades coloridas por sentimentos revividos
e roupas gastas das velhas capas que não servem mais
Copos vazios dos sonhos quase esquecidos
E os peitos fartos de coisas que faltam dizer do longo passado ansioso de ser revivido
Saltos rumo a outras margens que iniciam-se assim aos pouquinhos e regressam
Viagens que esperam sempre no mesmo lugar, espíritos famintos que bebem e querem sempre mais
Escuridão presente de dentro, luz que se assume por não aguentar mais
São ventanias, é a vida que é constantemente reconstruída de dentro ao mesmo tempo que de fora
quer-se destruir, manter-se assim destruída afim de se refazer de conhecer-se mais do seu próprio sofrimento
Dor que quero em mim, que me vem habitar por escolha minha, do amante que parte, dos pratos vazios, da piedade dos outros, do escuro laboral, da separação, da ausência, duma morte antecipada
E eu escuto os aplausos, escuto todos os esbanjamentos, escuto, o peso dos que carregam o mundo, e o peso dos que vivem plenamente nele, do nada e apenas pelo prazer dos seus restos mortais.
Lamentos, e cantos, passarinhos que anunciam novos nascimentos, bebes que lambem o doce da vida
E jovens que tão bem cheios do que não sabem existir, vivem cheios de si.
Homens depravados, homens casados, vidas acomodadas, bocas podres e sonhos esquecidos
Existem cores no céu, existem peixinhos nos mares, existem lugares ao longe e existe só existir
E vem outra ventania, e eu volto a lembrar quem sou, por mais uma escapadela, só por dormir mais um pouquinho, por mais este bocadinho de ti, por ser tão familiar tudo o que mantem-se distante.
Thursday, March 19, 2015
criaçao
No temor de mim, tocaste-me, e nada no universo existe em vão
Como provar doce divino, em inquietação foi todo o mundo que surgiu de mim
E caiam-me as lagrimas de maravilhas, dores de todos os amores, foi a vida e foi a morte
O teu retrato, o meu ventre, o que saiu de mim, foram mais do que retalhos de sentimentos
As vidas desfeitas, caídas, em bocados, pouco tingidas, vi como nada flui
Naquela noite, tudo era fluído, sentido, esquecido, tudo era puramente viver
Sobem os calafrios, o corpo volta lentamente a estar acordado, tu que o acordaste,
da dormência que era a vida repetida, e segues, vens, voltas, foges, na esperança do futuro
Esqueces quem de ti próprio provem e mesmo de onde vieste
E a noite, podes rir em algazarras, podes chorar, eu vou ficando triste, por antever o futuro, a partir das minhas lágrimas do passado. Mas ainda assim vivo, o ser radioso que é seres tu, não satisfeito sempre a querer mais, dizes ser livre, mas foste meu um dia, no dia em que me pedias o colo do meu coraçao isolado.
O caminho ia sendo sinistro, ora ia sendo luminoso ora escuro, as minhas perguntas iam ficando vazias, no calor do teu esforço, do teu contentamento, eu era só forma que ias deixando ao vento.
Dos sons que ias criando, eramos crianças brincando, como descobrindo quais cores existem para colorir, como escolhendo as cores para pintarmo-nos num quadro e ver de nosso sangue misto o que surgiria, assim como escolhidos de um tempo passado, ou como sementes de um tempo futuro,
a nossa realidade que criamos, num balanço de espaços tão diferentes, de cheiros vindos de lados opostos do mundo.
Nunca poderias perceber o que eu dizia, nem te importava o que te era dito, tudo eram emoções com origens diferentes, mas sem chegadas determinadas, sem respostas presentes, eram novas interrogações para as gentes da rua, eramos diferentes para todos, estranhos num mundo perdido, unidos por qualquer coisa divina, juntos como um, quais tons nos tornaríamos era o mistério que perturbava a minha mente, se eramos das terras antigas, se seriamos criadores de um futuro nalgum não lugar, brotado do esquecimento, o que nós unidos poderíamos dar.
E andávamos apressados, sem precisar chegar a lado nenhum, e cantávamos os segundos vivendo, sem pensar em mais nada sem estarmos em lado nenhum, sem espelhos, tu musicavas o meu peito, eu sabia, que um dia partirias, mas deixava-me assim meio que desentendida, completa do momento que tu preenchias dos teus contos, das tuas saudades, neste país de todas as separações, eu queria a nossa união, tu o que querias era a pura expansão de ti,
fumavas todas as nuvens que passavam pelo céu enquanto caminhávamos e beijavas-me como se tocasses um instrumento natural. Amavas-me como quem deleita-se, dos sabores de outras regiões, e eu moldava-me a todas as tuas memorias, porque eu sentia o teu corpo quente e acalentava-o em meu ventre, observando os poços de águas de todos os meu humores que iam saindo vindos do meu coração, este abria-se e ia se nutrindo, em porta aberta querendo essas surpresas, contente da nova vibração, maravilhado de todo o puro contentamento, não havia espaço, não havia mais corpo, não havia mais direção, no cimo de nós, tudo era um corpo só, tudo era dum mar que ora vem ora retorna ao seu lugar, tudo era inconstância e o gosto era sempre de terra, numa floresta profunda, num retorno profundo a origem do mundo, engolidos e perdidos na criação de tudo.
Como provar doce divino, em inquietação foi todo o mundo que surgiu de mim
E caiam-me as lagrimas de maravilhas, dores de todos os amores, foi a vida e foi a morte
O teu retrato, o meu ventre, o que saiu de mim, foram mais do que retalhos de sentimentos
As vidas desfeitas, caídas, em bocados, pouco tingidas, vi como nada flui
Naquela noite, tudo era fluído, sentido, esquecido, tudo era puramente viver
Sobem os calafrios, o corpo volta lentamente a estar acordado, tu que o acordaste,
da dormência que era a vida repetida, e segues, vens, voltas, foges, na esperança do futuro
Esqueces quem de ti próprio provem e mesmo de onde vieste
E a noite, podes rir em algazarras, podes chorar, eu vou ficando triste, por antever o futuro, a partir das minhas lágrimas do passado. Mas ainda assim vivo, o ser radioso que é seres tu, não satisfeito sempre a querer mais, dizes ser livre, mas foste meu um dia, no dia em que me pedias o colo do meu coraçao isolado.
O caminho ia sendo sinistro, ora ia sendo luminoso ora escuro, as minhas perguntas iam ficando vazias, no calor do teu esforço, do teu contentamento, eu era só forma que ias deixando ao vento.
Dos sons que ias criando, eramos crianças brincando, como descobrindo quais cores existem para colorir, como escolhendo as cores para pintarmo-nos num quadro e ver de nosso sangue misto o que surgiria, assim como escolhidos de um tempo passado, ou como sementes de um tempo futuro,
a nossa realidade que criamos, num balanço de espaços tão diferentes, de cheiros vindos de lados opostos do mundo.
Nunca poderias perceber o que eu dizia, nem te importava o que te era dito, tudo eram emoções com origens diferentes, mas sem chegadas determinadas, sem respostas presentes, eram novas interrogações para as gentes da rua, eramos diferentes para todos, estranhos num mundo perdido, unidos por qualquer coisa divina, juntos como um, quais tons nos tornaríamos era o mistério que perturbava a minha mente, se eramos das terras antigas, se seriamos criadores de um futuro nalgum não lugar, brotado do esquecimento, o que nós unidos poderíamos dar.
E andávamos apressados, sem precisar chegar a lado nenhum, e cantávamos os segundos vivendo, sem pensar em mais nada sem estarmos em lado nenhum, sem espelhos, tu musicavas o meu peito, eu sabia, que um dia partirias, mas deixava-me assim meio que desentendida, completa do momento que tu preenchias dos teus contos, das tuas saudades, neste país de todas as separações, eu queria a nossa união, tu o que querias era a pura expansão de ti,
fumavas todas as nuvens que passavam pelo céu enquanto caminhávamos e beijavas-me como se tocasses um instrumento natural. Amavas-me como quem deleita-se, dos sabores de outras regiões, e eu moldava-me a todas as tuas memorias, porque eu sentia o teu corpo quente e acalentava-o em meu ventre, observando os poços de águas de todos os meu humores que iam saindo vindos do meu coração, este abria-se e ia se nutrindo, em porta aberta querendo essas surpresas, contente da nova vibração, maravilhado de todo o puro contentamento, não havia espaço, não havia mais corpo, não havia mais direção, no cimo de nós, tudo era um corpo só, tudo era dum mar que ora vem ora retorna ao seu lugar, tudo era inconstância e o gosto era sempre de terra, numa floresta profunda, num retorno profundo a origem do mundo, engolidos e perdidos na criação de tudo.
Monday, March 16, 2015
Açafrão
Na beleza desta noite sem ti, os passarinhos cantam pela madrugada, sussurram nomes, partidas, chegadas,
Como se cantassem a beleza dos teus braços, como se viver fosse estar entrelaçada
no quentinho de ti
O frio do teu afastamento, é o rio no qual procuro o teu nome, o lugar em que confirmo minhas pegadas, em que observo, paro e volto a ligar-me de mim onde procuro largar-te, no fundo de mim, neste mar, quero deixar-te como me encontraste, permanecer-me minha, protegida
Voltar a estar nua, para nua voltar a perder-me e perder-te nestas brumas angelicais, amante de guitarras, neste corpo meu ausente de mim, não quero mais sentir-te a tocar o meu próprio instrumento que é o meu corpo,
Não, não quero o que por amar-te tanto deveria querer, porque no fundo de mim, sou um poço profundo, sou águas de solidão, abismo de fascinações, instrumento mudo, só de todas as dores,
toca-me assim, como ser da pele de ti próprio e eu experiencio, esse mesmo fogo vazio que consome o meu corpo, eu construo no vento todo esse poço dos outros, onde observo-me eu mesma triste de mim
tão intenso foi o passado carrasco que tu vieste como abençoado do mundo nas cores dum caminho de boas marés e eu aparecendo das mais miserável de todas, ao desmanchar-me em teus braços, como quem se desfaz do mundo, como quem nada tem a perder, como se desmanchasse me em rosa, só por causa do teu sim.
Se me deixares, és já de ti homem universal, todos os países são tuas estrelas, mas de mim nada sei. Continuarei a ser amante das estrelas, a sentir-me em folhas de inverno, a viver despedaçada por dentro, neste turbilhão sem fim, despeço-me de ti nesta noite, ao procurar-me nesses restos humanos abrigados na rua.
Não é apenas da vida, a pura e simples vida aparece-me num turbilhão de mim, o rodopiar das ondas do mar, o tráfico dos carros que não para, tudo eu sinto dentro de mim, neste encantamento que é amar-te tudo seria na pura beleza um futuro que ditaria um dia o meu fim. O teu adeus do teu afastamento, a tortura dos beijos, dos abraços, a existência de se ter existido.
E na presença desta noite, amar-te assim num segredo que aparece tao de repente, é como comer chocolate as escondidas, é procurar o encantamento dos índios, as cores das florestas nos temperos orientais, nesta nuance de nossas cores, dos nossos odores, vejo os odores dos lugares que havemos de ir, na tua origem do outro lado do mundo, e no açafrão que vai passando a ser a cor da nossa pele.
Misturas, no calor do amor que coze alguma fruta nova para dar sabor ao mundo, e o meu gosto por ti me substitui na beleza de todos estes dias, retornas e voltas a dar cor a minha face só porque tu disseste sim,
E as letras estão neste estado de deslumbramento, vão se revelando uma a uma, no mesmo que os passarinhos cantam nesta madrugada primaveril, que tu trazes tudo e és de onde não se tem nada, que por trazeres também o cheiro de todos, hás de ser também um homem bom.
Como se cantassem a beleza dos teus braços, como se viver fosse estar entrelaçada
no quentinho de ti
O frio do teu afastamento, é o rio no qual procuro o teu nome, o lugar em que confirmo minhas pegadas, em que observo, paro e volto a ligar-me de mim onde procuro largar-te, no fundo de mim, neste mar, quero deixar-te como me encontraste, permanecer-me minha, protegida
Voltar a estar nua, para nua voltar a perder-me e perder-te nestas brumas angelicais, amante de guitarras, neste corpo meu ausente de mim, não quero mais sentir-te a tocar o meu próprio instrumento que é o meu corpo,
Não, não quero o que por amar-te tanto deveria querer, porque no fundo de mim, sou um poço profundo, sou águas de solidão, abismo de fascinações, instrumento mudo, só de todas as dores,
toca-me assim, como ser da pele de ti próprio e eu experiencio, esse mesmo fogo vazio que consome o meu corpo, eu construo no vento todo esse poço dos outros, onde observo-me eu mesma triste de mim
tão intenso foi o passado carrasco que tu vieste como abençoado do mundo nas cores dum caminho de boas marés e eu aparecendo das mais miserável de todas, ao desmanchar-me em teus braços, como quem se desfaz do mundo, como quem nada tem a perder, como se desmanchasse me em rosa, só por causa do teu sim.
Se me deixares, és já de ti homem universal, todos os países são tuas estrelas, mas de mim nada sei. Continuarei a ser amante das estrelas, a sentir-me em folhas de inverno, a viver despedaçada por dentro, neste turbilhão sem fim, despeço-me de ti nesta noite, ao procurar-me nesses restos humanos abrigados na rua.
Não é apenas da vida, a pura e simples vida aparece-me num turbilhão de mim, o rodopiar das ondas do mar, o tráfico dos carros que não para, tudo eu sinto dentro de mim, neste encantamento que é amar-te tudo seria na pura beleza um futuro que ditaria um dia o meu fim. O teu adeus do teu afastamento, a tortura dos beijos, dos abraços, a existência de se ter existido.
E na presença desta noite, amar-te assim num segredo que aparece tao de repente, é como comer chocolate as escondidas, é procurar o encantamento dos índios, as cores das florestas nos temperos orientais, nesta nuance de nossas cores, dos nossos odores, vejo os odores dos lugares que havemos de ir, na tua origem do outro lado do mundo, e no açafrão que vai passando a ser a cor da nossa pele.
Misturas, no calor do amor que coze alguma fruta nova para dar sabor ao mundo, e o meu gosto por ti me substitui na beleza de todos estes dias, retornas e voltas a dar cor a minha face só porque tu disseste sim,
E as letras estão neste estado de deslumbramento, vão se revelando uma a uma, no mesmo que os passarinhos cantam nesta madrugada primaveril, que tu trazes tudo e és de onde não se tem nada, que por trazeres também o cheiro de todos, hás de ser também um homem bom.
Friday, March 13, 2015
Monday, March 09, 2015
Thursday, March 05, 2015
vaga
Raptada, o sol brilhou chamou-me e eu não estava lá, não via
Estava perdida entre quatro paredes, sonhando acordada, apenas derretida, da vida, vencida
Estava cansada, encontraste-me, como tua previamente, como surpresa querida, como amante,
fizeste me ja tua, mesmo só porque sim
Porque eu desmanchava em teus braços, sem corpo, sem alma, sem laços, sendo filha do vento e da emoção.
E eu ia ficando porque queria, e ia fugindo quando sentia, que contigo não brincava,
que contigo se tentasse seria seria sempre demais para mim
Estava fechada, enclausurada de mim, só de esquecimento, e enquanto isso tu gritavas no silêncio a palavra que permitia que o meu peito pudesse novamente abrir.
De certeza que era magia, apenas eu seria apenas brincadeira de criança, eu via o teu rosto num puro encantamento, como se estivesse num sonho, mesmo enquanto tu existias e tudo isso acontecia
só te via real se fosses um Deus de um outro deus inventado, enquanto ia ganhando cor o sentimento, que vinha dos meus olhos que abriam
Enquanto eu estava tão vazia, desnutrida, plantada, vendo em ti todo o meu proprio esquecimento de mim, porque ias te mantendo desse Sol? Porque me davas calor quando toda eu era fria?
Do futuro, como permanecerias de mim? Sendo eu, dessa alma carente e alada, de sobrevivente e rastejante. Suplicando para ter o suor do teu único dia, o que eu poderia ser para ti?
Os caminhos verdes, eram todos teus caminhos, tu caminhavas nos dias escuros e nos dias claros, ias te mantendo a sorrir, enquanto eu nesses dias ia permanecendo nua,
E o que te agradava era de certeza eu ainda nua estar e viver dos teus olhos, viver feita dessas areias ao vento, como se fosse feita dessas folhas do ontono, agradou-te eu ir permanecendo onde tu me deixavas, assim em pose de espera, em pose do teu esbanjamento.
Quando eu pensava, via do futuro que tormento seria, eu tentava afastar-te, por medo do teu sentimento, pois de que doce era feito ser feliz, que gosto isso teria e se existieia. Fiz tudo o que não devia, menti-te, pulei, fugi-te, inventei que não conhecia canções, supliquei que não me levasses de volta até mim. Tão habituada eu estava a olhar na escuridão.
O que querias ver? Que folhas teria eu? Que almas encontrarias no fundo da minha pele ausente?
E se fosse tão vaga para ti, como qualquer folha em branco, eu pensava que se alguma vez me visses, seria nos ceus pelas suas cores, nos gatos pelos rastos que deixam ou nos patinhos que caminham atrás de suas mães. De certo era por isso que não vias o que eu sofri.
E o que poderias ser de mim, penugem, brisa, escuro, nada tinha a entregar-te.
Assim que me visses como realmente sou fugirias,
Porque tu nasceste vestido de tudo aquilo que brilha, o que terei eu em minha escuridão que possa ser igual a ti, meu amor?
Estava perdida entre quatro paredes, sonhando acordada, apenas derretida, da vida, vencida
Estava cansada, encontraste-me, como tua previamente, como surpresa querida, como amante,
fizeste me ja tua, mesmo só porque sim
Porque eu desmanchava em teus braços, sem corpo, sem alma, sem laços, sendo filha do vento e da emoção.
E eu ia ficando porque queria, e ia fugindo quando sentia, que contigo não brincava,
que contigo se tentasse seria seria sempre demais para mim
Estava fechada, enclausurada de mim, só de esquecimento, e enquanto isso tu gritavas no silêncio a palavra que permitia que o meu peito pudesse novamente abrir.
De certeza que era magia, apenas eu seria apenas brincadeira de criança, eu via o teu rosto num puro encantamento, como se estivesse num sonho, mesmo enquanto tu existias e tudo isso acontecia
só te via real se fosses um Deus de um outro deus inventado, enquanto ia ganhando cor o sentimento, que vinha dos meus olhos que abriam
Enquanto eu estava tão vazia, desnutrida, plantada, vendo em ti todo o meu proprio esquecimento de mim, porque ias te mantendo desse Sol? Porque me davas calor quando toda eu era fria?
Do futuro, como permanecerias de mim? Sendo eu, dessa alma carente e alada, de sobrevivente e rastejante. Suplicando para ter o suor do teu único dia, o que eu poderia ser para ti?
Os caminhos verdes, eram todos teus caminhos, tu caminhavas nos dias escuros e nos dias claros, ias te mantendo a sorrir, enquanto eu nesses dias ia permanecendo nua,
E o que te agradava era de certeza eu ainda nua estar e viver dos teus olhos, viver feita dessas areias ao vento, como se fosse feita dessas folhas do ontono, agradou-te eu ir permanecendo onde tu me deixavas, assim em pose de espera, em pose do teu esbanjamento.
Quando eu pensava, via do futuro que tormento seria, eu tentava afastar-te, por medo do teu sentimento, pois de que doce era feito ser feliz, que gosto isso teria e se existieia. Fiz tudo o que não devia, menti-te, pulei, fugi-te, inventei que não conhecia canções, supliquei que não me levasses de volta até mim. Tão habituada eu estava a olhar na escuridão.
O que querias ver? Que folhas teria eu? Que almas encontrarias no fundo da minha pele ausente?
E se fosse tão vaga para ti, como qualquer folha em branco, eu pensava que se alguma vez me visses, seria nos ceus pelas suas cores, nos gatos pelos rastos que deixam ou nos patinhos que caminham atrás de suas mães. De certo era por isso que não vias o que eu sofri.
E o que poderias ser de mim, penugem, brisa, escuro, nada tinha a entregar-te.
Assim que me visses como realmente sou fugirias,
Porque tu nasceste vestido de tudo aquilo que brilha, o que terei eu em minha escuridão que possa ser igual a ti, meu amor?
Sunday, March 01, 2015
"You do not need to leave your room. Remain sitting at your table and listen. Do not even listen, simply wait. Do not even wait, be quite still and solitary. The world will freely offer itself to you to be unmasked. It has no choice. It will roll in ecstasy at your feet."
- Franz Kafka, "Reflections on Sin, Pain, Hope and the True Way"
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