Monday, July 02, 2018

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Ele carregava um grande peso, sozinho no seu quarto abrigado, preso, megulhado sem ninguem o tirar de la. Em seu quarto mergulhado em memorias ele desaparecia-se do mundo.
Eu entrei como amiga, sai como desconhecida, entrei novamente como irma e sai como amante.

Aquele quarto era o que cobria os seus dias, enquanto ele tatuava tudo o que houvesse em cinzento, a sua vida era apenas vida no passado.
Ele deixava-se desabafar apenas comigo enquanto eu secretamente amava o vazio do seu olhar.

O seu espaco especial, era tudo o que ele tinha, tudo o que permanecia de tudo o que havia perdido,
famila, filho, pais.. Ele era apenas a tatuagem, a pintura que fazia, a arte e a ausencia.

E eu deixava me adormecer em seu peito, megulhada no seu abraco gelado. Mergulhada no suor do seu corpo branco, tatuado e nu.
Aceitei o seu passado que o carregava e o preenchia, aceitei todos os copos de cerveja, todas as vezes que ele deitava se a meu lado sem alma e sem cor.

A sua alma sussurrava por mim sem forcas suficientes para se fazerem ouvir, o silencio engolia toda a forca humana que existia em seu corpo e ele sucumbia em repetidas memorias que me ia contando,de como a vida o tinha retirado tudo, de como tudo o que importava fosse apenas passado. As musicas que ouvia, as fotos que tinha em seu quarto tudo  pertencia ao passado, como se ele vivesse em um mundo proprio das memorias que guardava.

Como amigo, ele me alertou, que nao sabia quem era quanto mais quem eu seria, se ficariamos juntos ou nao nada disso importava, nada disso realmente existia. E com palavras frias ele cortava o meu peito em farrapos, enquanto o seu corpo seco me abracava e a sua alma silenciosamente clamava pelo meu peito, para que este o retirasse do sofrimento. Como crianca assustada a sua alma tentava existir em mim, talvez atraves do eco da sua propria voz, mesmo a sua alma sendo como uma estrela que brilha mas que ja nao existe mais.

E por cada copo de cerveja que bebia, mais a sua alma desaparecia na escuridao. Por cada historia do passado que me contava mais a vontade de viver lhe abandonava o corpo. Como se toda a vida se quisesse esvair de seu corpo, como se o seu corpo fragil nao tivesse espaco para mais o que viver e mais o que sentir.

Eu tentava contar novas historias, tentava ouvi-lo, amei-o com tudo o que eu tinha mesmo assim, a vida nao retornava a seus olhos. De olhos vazios, disse me que nao encontrava espaco para mim em sua vida, enquando os seus olhos vazios se tornavam apenas indiferentes.

Da indiferenca, os seus olhos tonaram-se tristes mais uma vez, e eu sem resposta, deixei me ir sozinha. Ele repetiu que nao me conhecia, que eu nao faria parte de sua vida.

E assim finalmente, quando o frio atingiu o meu corpo, fiquei sem resposta, tornei me apenas o vacuo, por que tudo o que sentia por ele era amor, fiquei sem odio, apenas ausente de mim mesma.
Deixei o quarto que continha a sua alma  e as suas memorias a sos. Deixei o seu corpo nu, palido e vazio da propria vida  estar por si mesmo sozinho e carente.



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