Sunday, December 08, 2013

Entrega

Sinto tudo intensamente
Como se viajasse num rio
E como se não quisesse fazer uma travessia
Não consigo seguir o curso profundo dos sentimentos

Nem sei se me deixo afogar ou se procuro
terreno seguro onde me apoiar
Porque tudo parece sem pontas e circular
Tudo me faz ondular ou molha

E nessa distância da terra é que vejo realmente
Que tão pouco do que se vive é sentido
Tão pouco realmente toca, tão pouco se sente
Tão pouco do que se sente, é vida.

E assim, uma folha que sobre mim cai é abrigo
Nem abrigo mais são as pessoas conhecidas
Se abrigo houver é o abrigo de um raio de Sol que toca
docemente, a alma neste dia de Inverno
E a árvore cujas folhas eu vejo cair.

Porque não sinto tempo, e nem há tempo na verdade do momento
E à distância tudo o que as pessoas fazem parecem coisas triviais.

Se algo peço  a vida,
é que me jogue, que me entregue
Sempre que eu esquecer,
 de a mim mesma entregar




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