Saturday, December 28, 2013

No peito

A caixa abriu-se e as lágrimas correram
Os arrepios escorreram pelos braços
Da dor da realidade que não chegava
Da verdade que não nos entrava pela porta
Os sentimentos eram partidos, nunca eram chegados
e poucos eram os que eram partilhados
quando o peito de si mesmo não conseguia dizer,
sua dor

Porque as palavras não chegavam
Ficavam coisas por exprimir
Porque as pessoas eram cegas
porque era cego quem não falava
Enquanto a flor do peito murchava

E as vozes deixavam de soar
E a música da vida parava de tocar
E os pássaros voavam apenas no céu
E a vida parecia parada no tempo
no passado que passou

A caixa abriu-se
quando alguém amigo finalmente viu
Aquilo que ninguem mais ousou tentar descobrir
Quando alguém olhou nos olhos
Quando passou-se a mão pelo rosto
Quando as emoções voltavam a ser tingidas,
com cores de novas sensações, o coração voltava a bater

Haverá algo no mundo que valha a pena?
Algo de mais sagrado do que a flor murcha no peito?
Haverá coisa que nos faça sair de nós?



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