Sunday, December 22, 2013

Vento

Entre lençóis sonhados,
eu conto a minha canção
Vida de pés que andam em peregrinação
vidas que não sentem o chão

Entre vidas sem tecto,
eu escondo algum coração
Ao querer eternizar-te em mim,
de mim mesma desfaço num não

Entre versos inacabados,
entre pais separados na mente infantil
Secreto um delicado fio,
que passa na agulha de algum destino frio

Dos sonhos que cantei faço asas,
nesses pássaros da manhã
Tão calma, tão aparentemente pacata
Tão assustada em meu próprio suspiro

Dum salto, sinto o calafrio de que vens do meu vazio
Obra construída de minha mente ausente,
precipício de minha necessidade,
Canto aberto, a fuga de uma realidade
És passatempo em horas nuas de vento

Entre noites, faço a minha estrada,
e entre dias engano a própria vida
Que do dia, nem vejo retorno nem chegada,
e da própria vida em mim
é só de mim mesma que faço

Jogo de dados inconsequente,
mudança de temperatura ora fria ora quente
Faço-me presente em ti, na tua ausencia,
que do meu corpo sem o teu
sou algo desconhecido

tão fria que é a vida,
se não cavada dum poço profundo,
tão doce que foi o teu o beijo,
que és distante como estrelas que eu mesma vejo.

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