Thursday, September 26, 2013

Acorda-me

Acorda homem cheiroso,
Vira-te de vez para mim, não estejas de costas
Não estejas próximo assim
tão perto na distância de um sonho meu

Mexe-te, apronta-te, que pronta estou eu
Aqui, vestida de flor,
Com violetas em cabelos

Já te vi,
e vejo-te na minha estante de livros
No cheiro do mar, no cheiro do azul do sonho

Apressa-te, homem das esquinas, dos cafés,
dos bosques, homem pouco concretizado
homem humano, desengonçado
Que fora a tua amiga errante, verás que ninguém mais te espera

Eu, que nem a mim me reconheço, que de mim  mesma ando escondida
Que de mim me desanimo, só na tua presença lembro quem sou
E quando a mim te virares nessa visão do sofrimento é lá que estou

Homem, lembra que tu sou eu, mas eu não sou tu,
eu sou do mundo, eu pari o mundo e por isso
todo o mundo adormece em mim
tu és o único que ainda não nasceu de mim,
o único homem que me mantém nutrida, não estás

homem dos meus sonhos ociosos
acorda-me do meu próprio sonho de mim
acorda-me desse sonho que é a vida
tão pouco sentida,
acorda-me
que quero é ser só dessa tua sensação
Que ser para mim é só isso

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