Sunday, September 08, 2013

Será que ainda é possível viver?

Porquê haveria eu de trocar a vida real por algo imaginado em filmes tão longes da realidade?
Por algo imaginado em telenovelas que retratam vidas tão distantes economicamente da minha?
Porque não me dou eu ao luxo de concretizar minhas próprias fantasias?
Realizá-las em vez de ficar sonhando num filme sem contexto real?
É socialmente aceite viver assim, fingindo que vivo, assistindo ao que a minha própria vida poderia ser num ecrã... a questão é que não quero.

Podia estar a lutar mais por uns tostões, como tantos que conheço, matar-me a trabalhar por um sonho de liberdade no fim do consumo. A questão é que não quero.
Podia estar a matar-me a trabalhar, por um futuro próximo sem fazer nada, só consumindo.
A questão é que queria ser a questão da minha própria vida, e viver uma vida real.
Não ser a questão apenas de uma empresa qualquer, de um banco, ser um numero numa multinacional, em troca de uma coberta de cetim.

 É socialmente aceite ser assim,
eu não me sinto socialmente aceite as vezes, as vezes se eu disser o que penso vão dizer que sou metida a intelectual, vão até mesmo desconfiar de mim no trabalho.
Ou se eu disser que eu quero trabalhar no futuro, vão dizer que eu sou estúpida e não tenho ambição.

Mas eu tenho ambição, tenho ambição de toque, de sensibilidade, de amor, de amizade, de loucuras e aventuras. E se eu quiser vive-las ao invés de apenas assisti-las?
Será que vou ficar sem reforma quando for velhinha?

Quero a vida, por isso escrevo, por isso faço segredo de quem sou, esperando que alguém especial possa descobrir.
Por isso gosto das coisas secretas e não das coisas caras vendidas como luxo, que parecem ser feitas por criancinhas a chorar.
Até quando sentirei que não compreenderiam se eu explicasse?
Vejo outros que trabalham para ficar ricos, gostava de dizer que não vão enriquecer a trabalhar mas não tenho coragem. Seria cortar a imagem dos seus sonhos.
Os que são ricos, são os que trabalham menos, a custa dos que pagam os sonhos com o seu suor.

Por isso, prefiro o toque simples, o deleite aos ouvidos de quem preparado estiver para ouvir, sem fugir dessa realidade triste, saboreando a vida que eu própria tiver.
Será que ainda me será possível viver?
Será que sairei da lei?
Quantos milhões custará o meu silêncio?

 https://myspace.com/marianademoraes/music/songs

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